Solitária (Conto)


Ela se sentia sozinha, nada mais do que isso; se sentia desprotegida agora, já não mais contava com a proteção de seu salvador.
Ela era a pessoa mais medrosa e corajosa do mundo ao mesmo tempo, era fria e ao mesmo tempo mais doce e sentimental do que ninguém já mais poderia ou ousaria ser. Ela era o bem e ao mesmo tempo o mal, era a luz e ao mesmo tempo a escuridão, ela era tudo e ao mesmo tempo nada, mas, agora ela já não mais sabia o que esperar de sí mesma.
Seus sentimentos estavam confusos, sua mente não mais conseguia viajar, seu coração estava em pedaços e  nada mais ela podia ser. Ali, naquela alta janela, a única coisa que ela desejava era que quem levou seus sentimentos para longe os trouxesse de volta, que tudo que ela era antes voltasse ao seu ser; ela queria mais do que tudo poder ser salva novamente, porém, seu protetor não conseguia mais encontrar. Ela já não era mais luz, não era mais bem, não tinha mais nada além de sua própria companhia, agora ela era apenas solidão.
Ela chegava cada vez mais perto da janela, cada vez mais perto de cair, cada vez mais perto de seu fim, enfrentando o seu maior medo. Porém, ela já não tinha mais medo, já não era mais capaz de sentir mais nada além da solidão ardente dentro de sí mesma, já não era capaz de se livrar de tudo que a atormentava.
Talvez um pouco de medo ainda a restasse, mas, não havia mais nada que ela pudesse fazer, ela queria se jogar dali, e queria poder ser salva....Queria que seu protetor estivesse lá em baixo para pegá-la quanto caísse, queria que ele beijasse seu rosto, acariciasse seus cabelos e sussurrasse em seu ouvido que por mais impossível que parecesse tudo ficaria bem e que ele sempre estaria com ela. 
Ali, com o vento batendo em seus selvagens cabelos castanhos, que voava em todas as direções, com os olhos cheios de lágrimas e com o coração quebrado de forma inacreditável ela percebeu que ele talvez não voltaria, percebeu que por aquele tempo todo havia acreditado em algo inexistente, em algo que fazia parte de si mesma, em meio ao seu talvez suicídio ela percebeu que seu salvador fazia parte de sua própria mente, ela percebeu que a pessoa a quem ela mais amava era fruto de sua própria imaginação, percebeu que quem sempre a tranquilizava de forma tão suave era sua própria mente, percebeu que no fim das contas, a solidão que sentia era tudo que ela havia tido desde sempre, e então, como se não restasse mais nada em que acreditar ela se jogou lá do alto...
Agora ela avistava entre lágrimas a janela em que estava por tanto tempo, e vendo aquela paisagem tão sepulcral ela aguardava silenciosamente seu fim.
Um milagre aconteceu, quando os que pareciam ser os últimos segundos de sua doce e solitária vida soaram nos relógios, ela foi salva. Ele estava lá para salvá-la, como em seus mais sublimes sonhos, e então, ele a beijou e acariciou seus cabelos, e em um ato delicado seu salvador sussurrou: "Tudo vai ficar bem, eu prometo, e sempre vou estar com você." e no fim das contas, o fim foi apenas o começo...

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E me deixe feliz! Eu não digo feliz tipo: =D, mas, sim feliz tipo: Se você for uma pessoa legal e comentar eu vou sair correndo e pulando pela casa toda, com um sorriso na cara de orelha a orelha porque eu recebi um comentário, e não, eu não preciso de um psicólogo, eu preciso do seu comentário.

P.S.: Talvez um psicólogo também não seja má ideia...