Brisas, tempestades e garoas (Conto)

 
 E acima de tudo, ela gostava daquela sensação...A sensação do vento nos seu cabelos, de que aquela brisa suave, que as vezes se agitava, poderia levá-la para outro lugar, um lugar melhor, um lugar mais próximo de seus sonhos. Ela gostava de se sentir assim, de se sentir livre, com o vento chicoteando seus longos cabelos castanhos, beijando sua pele, e acariciando sua face. Ela gostava da sensação da chuva caindo em seu rosto, ela não apenas se molhava, mas também, sentia a chuva, sentia o vento batendo em seu corpo molhado, fazendo-a sentir como se estivesse voando, entre as nuvens, perto dos pássaros e dos anjos de asas cintilantes. Ela gostava da chuva, do vento, de sentir-se viva, porém, ela não esperava pela tempestade.
Em meio à calma brisa de outono, e a fraca garoa que caia, uma tempestade chegou, tão forte, como uma chuva de verão. Os raios cruzaram os céus, como se a avisassem de algum perigo, o vento aumentou, estando perto de se tornar um furacão, os céus retumbaram, fazendo uma chuva incessante cair, lavando todos os sonhos da doce menina, que dançava à melodia silenciosa do vento, e aos aplausos imperceptíveis da chuva. Como um vendaval, a tempestade levou todos os sonhos e desejos da pobre garota, junto com sua imaginação, deixando-a só, em meio a sua própria solidão.
Ela pensou em desistir, pensou inúmeras vezes, pensou em abandonar tudo que mais queria, pensou em aceitar tudo que à ela era imposto, pensou até sua mente se cansar. Como um sussurro de esperança em meio à um mundo de caos e silêncio, uma fraca brisa soou. Ela não era nem de perto, como o delicado vento que acariciava os cabelos da menina, todos os dias, porém, era como um milagre, em meio à toda aquela solidão dentro dela. Se a suave brisa ainda tocava o seu rosto, nem tudo estava perdido, alguém, invisível aos olhos da garota sonhadora, ainda a protegia, e torcia para que ela conseguisse realizar o que tanto queria. Se alguém acreditava nela, porque não acreditar em si mesma? Ela não havia sido derrubada pelo forte vento, ainda conseguia sentir a brisa que por tanto tempo, a acompanhou. Como em um ato de heroísmo, a garota se levantou, continuando sua dança e seus sonhos, mesmo em meio à tempestade, que no fim, deu lugar novamente, à chuva suave, e ao vento delicado, que tanto acompanhou a menina em seus delírios.
Nunca deixe-se abalar por momentos tempestuosos, sempre haverá alguém acreditando em você, sempre haverá uma brisa suave, mostrando-lhe que, nem tudo, está perdido.

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E me deixe feliz! Eu não digo feliz tipo: =D, mas, sim feliz tipo: Se você for uma pessoa legal e comentar eu vou sair correndo e pulando pela casa toda, com um sorriso na cara de orelha a orelha porque eu recebi um comentário, e não, eu não preciso de um psicólogo, eu preciso do seu comentário.

P.S.: Talvez um psicólogo também não seja má ideia...