Livro: O Livro das Princesas

 As mais populares autoras contemporâneas norte-americanas, Meg Cabot ("Diário Da Princesa" e "A Mediadora") e Lauren Kate ("Fallen"), se unem às brasileiras e igualmente bem-sucedidas Paula Pimenta ("Fazendo Meu Filme") e Patricia Barboza ("As Mais") em uma coletânea que reinventa contos de fadas clássicos.
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"O Livro das Princesas" é a minha mais recente leitura, e eu tenho que dizer que os contos realmente me surpreenderam. Se você pensa que só por causa do título, o livro se trata de algo no total estilo "princesinhas da Disney" está completamente enganando. Para fazer vocês conhecerem um pouquinho mais do livro, vou resenhar cada conto e falar sobre os personagens.

A Modelo e o Monstro
Meg Cabot
O conto da lindíssima Meg Cabot é narrado por sua protagonista, Belle Morris, uma modelo de 18 anos muito famosa, que sai de "férias" (férias: palavra usada para descrever uma Lua de Mel onde os filhos vão junto, vocês entenderam ao ler o conto) em um cruzeiro (lê-se: o maior e mais caro cruzeiro do mundo) com seu pai, sua madrasta e sua mais nova irmã. Antes de mais nada, tenho que falar que: não, a Belle não odeia a madrasta ou sua irmã, até mesmo porque "A Modelo e o Monstro" é uma releitura de A Bela e a Fera, e não de Cinderela.
Desde o primeiro dia no cruzeiro, Belle avista um garoto que desperta sua atenção logo de cara, até mesmo porque não é todos os dias que se vê um cara lindo na Suíte Real, que é uma área totalmente VIP. 
Com sua imaginação fértil, e sua paixão por livros de romance, nossa protagonista já desperta uma paixão "imaginária" sobre o nosso sedutor Sombrio Misterioso, como ela o chamava antes de descobrir seu nome. 
Depois de um jantar na mesa do Capitão, e uma passada no quarto de Gus Stanton, um jovem atleta popular e bonito, conhecido por namorar atrizes e cantoras pop muito famosas; Belle se vê encrencada, já que um de seus muitos fãs assanhados, Raul, que ainda por cima está bêbado, a encurrala em uma parte completamente deserta do navio. No meio de toda essa encrenca, é claro que alguém aparece para salvar Belle, e obviamente, é o tão comentado Sombrio Misterioso, que leva nossa modelo famosíssima para a enfermaria e depois para passar alguns dias em sua humilde Suíte Real. 
Com a cabeça confusa e sem saber porque desmaiou na tão conturbada noite com seu fã maluco, Belle  quer conhecer um pouco mais seu salvador e descobrir o porque dele sempre se esconder em meio às sombras, sendo como seu próprio apelido diz Sombrio & Misterioso. 

Acreditem, a partir desse ponto, tudo o que eu disser será considerado um grande Spoiler. 
Agora vamos falar um pouco sobre os personagens do conto...
Belle Morris:  tenho que admitir que me vi bastante na personalidade da protagonista. Mesmo sendo uma modelo famosa, Belle tem uma grande fascinação por leitura, principalmente por romances, e vive comparando todos os garotos que encontra com os "heróis" de seus livros prediletos, até mesmo ao ponto de inventar uma paixão por um cara que ela só viu uma vez na vida em seu cruzeiro de férias. 
Eu, como leitora totalmente compulsiva, tive que me identificar com a incessante mania de Belle à cheirar livros e senti-los na palma de suas mãos, dispensando e-books.

Gus Stanton: mesmo sendo um fofo, o nosso grande atleta famoso não pode ser lá caracterizado como o personagem mais intelectual. Apaixonado por esportes e por vídeo games, Gus é um cara dedicado, lindo e atencioso, e além de tudo, eu não posso deixar de dizer que sutileza não é o ponto forte de nosso querido Stanton.

Penelope (Penny)  Whittaker: Penny possui algumas características básicas daquela típica irmã/amiga meio histérica e chata, mesmo sendo bem legal na maioria dos casos. Sendo completamente fanática por Gus, fica fácil perceber que ela também é aquela típica fã enlouquecida, que poderia ser chamada sem exagero de "Wikipédia de Gus Stanton".

Trecho favorito:
"Foi assim que decidi que pensaria nele; como meu garoto sombrio e misterioso. Eu o chamava de meu porque havia alguma coisa nele, além da sombria aura de mistério: parecia triste, tão sozinho naquela varanda imensa." 

Princesa Pop
Paula Pimenta
Esse conto realmente chamou bastante a minha atenção, e conseguiu ser perfeito do início ao final, principalmente por causa de sua introdução.
"Princesa Pop" conta a história de Cintia Dorella, que teve sua vida "arruinada" por causa da separação de seus pais, causada por uma traição descoberta por ela mesma. Após pegar seu pai no quarto com outra mulher, a protagonista não pensa duas vezes antes de arrumar suas coisas e ir para a casa de sua tia Helena, não querendo olhar para a cara de seu pai por nem mais uma vez em sua vida. Obviamente, Cintia revela toda a história da traição para sua mãe, uma arqueóloga que vive viajando. A partir desse momento, a protagonista passa a viver na casa de sua tia, e a única coisa que aceita de seu pai é que ele pague a mensalidade de sua escola. 
Por causa de um planinho de cola de alguns alunos, os celulares acabam sendo proibidos na escola de nossa protagonista, o que acaba sendo um problema para ela, já que seu interesse com o celular não é ficar no Facebook ou no Twitter, e sim para falar com sua mãe, que está trabalhando em um projeto arqueológico no Japão; exatamente por causa do fuso horário, a hora do recreio é o único momento em que Cintia e sua mãe podem se falar.
Quase entrando em desespero por ter que falar com sua mãe somente nos fins de semana, Cintia toma uma medida drástica: pede ajuda ao seu pai, uma pessoa bem influente, para que fale com a diretora e permita que nossa protagonista continue conversando diariamente com sua mãe. Exatamente quando ela vai realizar essa ligação, algo inesperado acontece: seu pai liga para ela! Obviamente, Cintia aproveita essa oportunidade, o que ela não esperava era que seu pai estava tentando lhe convencer a ir na festa de 15 anos de suas "irmãs", filhas da bruxa (como ela mesma chama sua madrasta), que estragou por completo sua família. Inicialmente, é claro que Cintia não concordou com tal coisa, mas como bom chantagista, seu pai somente concordaria em falar com a diretora se a filha aparecesse na festa; sem mais escolhas, ela acabou concordando. 
Por mais que fosse a única saída para conseguir falar com sua mãe, Cintia acaba se metendo em um grande problema, já que aos fins de semana, ela trabalha como DJ, e tinha um compromisso marcado para a noite daquela sexta-feira. A situação não tinha como ficar pior, certo? Errado! Ao checar os endereços, ela descobre que a festa em que ela iria ser DJ, é exatamente a festa de suas irmãs! Por mais que ela pense que estava tudo acabado, Helena, sua tia, bola um jeito para que Cintia possa aparecer na festa como DJ e também como ela mesma, já que se seu pai descobrisse o seu novo hobby, que também virou um emprego, sua vida estaria completamente arruinada. Como a festa é a fantasia, e todos estarão vestidos como príncipes e princesas, Cintia acaba se vestindo como uma espécie de bobo da corte, que na verdade mais parece a Rainha de Copas, e utiliza uma máscara característica do teatro. Como sua tia somente permita que ela seja DJ até meia-noite, seu horário será o mesmo na festa de suas irmãs, e após esse horário, ela trocaria de roupa e seria simplesmente ela, honrando sua palavra, e cumprindo com o acordo feito com seu pai. 
Enquanto Cintia está colocando a galera para dançar, um garoto usando uma máscara parecida com a sua, vestido de príncipe, porém usando um All Star, assim como ela, aparece na cabine do DJ, alegando querer saber quem estava tocando músicas de tão bom gosto. Ao conversarem, eles acabam percebendo que tem um gosto bem parecido, e a nossa protagonista acaba descobrindo que o seu príncipe encantado se chama Frederico. Obviamente, ela não poderia revelar o seu próprio nome, se revelando apenas como DJ Cinderela. Finalmente, as badaladas do relógio soaram: meia noite. O turno de Cintia como DJ acabou, e a nossa Rainha de Copas foi vestir sua fantasia de princesa; o que ela não esperava, era que a banda que iria substituí-la, composta principalmente pelo o lindo, charmoso e cantor pop que conquista o coração de todas as garotas - menos o dela - Fredy Prince, traria uma surpresa: Fredy, estava vestido exatamente como o seu príncipe mascarado, Frederico; obviamente, isso não era apenas uma coincidência. Cintia fica envergonhada por ter falado mal de Fredy em sua frente, por mais que não soubesse que ele era, bem...Ele! 
No final das contas, Frederico não esqueceu sua tão sonhada Rainha de Copas, que acabou esquecendo um de seus tênis All Star decorados especialmente para a ocasião na cabine do DJ. Vendo aquela oportunidade, Fredy divulga em uma de suas redes sociais o anúncio de que estava procurando por sua princesa da festa, dando a hora e o local para que a garota levasse o outro par do sapato, provando que era ela quem havia falado com ele naquela noite. Sendo um pop star famoso, obviamente metade das garotas Brasileiras compareceriam ao local, e infelizmente, as meias-irmãs de Cintia também.
Preparada para viver seu conto de fadas, Cintia não vê a hora de levar o seu sapatinho de cristal, ou melhor seu All Star musical para Fredy, ou como ela sempre preferirá chamar o seu príncipe: Frederico. O único problema nisso tudo, é que a bruxa, ops...A Madrasta de nossa protagonista acaba descobrindo o segredo de que sua enteada foi a DJ que conquistou o coração do príncipe das adolescentes, e obviamente, ela deu um jeito de chantagear Cíntia para que uma de suas filhas fosse a tão sonhada princesa do astro mais comentado do momento. 
Por mais que a nossa DJ Cinderela soubesse o risco que estava correndo, ela não deu o sapato correto para a sua madrasta, que tornaria a sua vida muito mais infernal do que sua vã mente imaginava...

Cintia Dorella: A protagonista do livro é aquele tipo de garota que eu amaria conhecer. Inteligente, com opinião própria, que não deixa se levar pela opinião alheia, é bem decida sobre o que quer, tem gostos bem decididos. Uma coisa bem evidente na personalidade de Cintia é sua paixão por música e por seu trabalho como DJ, o que é algo admirável. 

Helena: Achei totalmente necessário falar sobre a tia da Cintia aqui, já que pelo o que pude perceber ela é uma mulher completamente amável, que faz exatamente tudo pelo bem estar da sobrinha. Como designer, ela é uma mulher muito criativa e espontânea, que durante todo o conto aconselha a nossa querida Rainha de Copas como uma verdadeira mãe, sendo verdadeiramente uma fada madrinha em todos os momentos.  

Trecho favorito:
"Todas as noites ela olhava pela janela e ficava admirando a vista, sonhando mil sonhos coloridos. No mais brilhante deles, sempre via um príncipe que ela ainda não conhecia, mas que sabia que morava em alguma daquelas inúmeras luzes que avistava..."

O Eclipse do Unicórnio
Lauren Kate
 O conto de Lauren Kate é narrado em terceira pessoa, tendo duas vidas sendo narradas: a de Percy, e a de Talia. Para não dar spoiler do conto todo, vou falar somente sobre a parte de Percy, e deixar a de Talia - que em minha opinião é a melhor parte - para que vocês matem a curiosidade enquanto estiverem lendo o livro.
Percy é um garoto como qualquer outro, que acabou de terminar um relacionamento amoroso com sua namorada. Por mais que ele realmente gostasse dela, estaria tudo bem...Se eles não tivessem combinado de fazer juntos uma viagem para Paris, junto com sua turma de francês. Como ele havia feito grande sacrifício e desembolsado 500 dólares para a viagem, não poderia desistir de última hora, como Amber - sua ex-namorada vinda de uma família rica - fez. Sozinho em uma turma cheia de estranhos, triste por terminar seu relacionamento, e na cidade considerada por uns o lugar mais romântico do mundo. A sorte, definitivamente não estava a favor de Percy, certo? Talvez não. Pode ser que isso tenha sido apenas um grande acontecimento escondido sobre a sombra de dias ruins e deprimentes. 

Acho que no final das contas, o conto de Lauren Kate não foge muito do clássico, o que conta um grande ponto no meu conceito. É um conto pequeno, mas nem por isso te deixa menos envolvido (a) na história. Um dos motivos pelo qual esse conto se destaca no livro, é a presença da fantasia. Enquanto as outras autoras largaram um pouco o quesito e adicionaram toda uma modernidade, a Lauren conseguiu modernizar o conto, mas sem deixar de lado a parte mágica, fantástica, que faz tudo ficar mais especial. Mesmo assim, não pensem que isso significa que a história continuou clássica e como na versão original, porque me desculpem, Irmãos Grimm, mas a Lauren fez a parte que permaneceu clássica no conto pisar em cima do original. 

Percy: Acho que Percy não é lá a personalidade mais distinta do mundo, embora aparente ser um cara bem legal. É preguiçoso como a maioria dos adolescentes, completamente apaixonado quando se entrega de verdade em um relacionamento e pelo o que vimos no conto, não gosta muito de ficar sozinho no meio de um bando de gente com quem não tenha muita afinidade, o que é um ponto onde eu me identifico completamente com ele.
Talia:  O que dizer sobre a doce e inocente Talia? No geral, você não tem muito o que dizer sobre a personalidade dela, já que essa conclusão de quase perfeição é justificável se você leu o conto. Fora as características com que ela foi presenteada, podemos dizer que Talia é uma menina bastante sonhadora e que provavelmente passou boa parte de sua vida vivendo no mundo da fantasia, como muitas garotas que gostam de viajar um pouquinho no mundo da imaginação e deixa isso se perder um pouco com o passar dos anos e com o amadurecimento.

Trecho favorito:
"Respirou pela primeira vez no momento em que o sol deixou de existir, deitou a cabeça no seio da mãe sob a penumbra destilada da lua diurna. A menina era uma alma radiante desde o alvorecer de sua vida, nascida com o cabelo castanho arruivado de uma nuvem cintilando ao poente e os olhos profundos e sedutores da cor da meia-noite."

Do Alto da Torre
Patrícia Barboza
 O conto de Patrícia Barboza é narrado em primeira pessoa, por Camila Soares, uma garota de 14 anos como todas as outras, que possui um amor platônico pelo garoto mais queridinho de sua escola, William. Por conta de uma promessa que sua tia chamada Laura fez quando a garota estava doente, teria que ficar sem cortar seus cabelos loiros até que completasse 15 anos. O resultado disso? Uma longa cabeleira, que normalmente está presa em uma trança, e o carinhoso apelido de "Rapunzel". 
Além disso, uma das características marcantes em Camila é o seu amor pela música, e pela cantora Katy Perry, que é algo completamente evidente do começo ao fim do conto. Por causa dessa sua grande paixão, e com uma ajudinha inesperada de seu amigo Pedro, Camila acabou virando um sucesso na internet com seus covers da Katy Perry, se disfarçando e assumindo o nome de Mila Tower. Por mais que o seu sucesso seja evidente no mundo cibernético, talvez já estivesse na hora de Camila bancar a pop star por si mesma, deixando a fantasia de Hannah Montana de lado. A melhor forma de fazer isso? Um show de talentos em sua escola. Não seria a oportunidade perfeita? Talvez fosse, mas como em um conto de fadas sempre há uma madrasta má, as coisas não saíram perfeitamente como o esperado. 
No meio de toda essa confusão, talvez o príncipe encantado seja apenas um sapo, e o simples plebeu seja na verdade o tão sonhado príncipe encantado.

Confesso que esse foi o conto do livro que menos me chamou atenção desde o começo, e que eu não estava errada por isso, principalmente por eu não ser nem um pouco fã de clichês. Como a própria Priscilla, a melhor amiga da protagonista diz, a história toda é um grande clichê adolescente do começo até o fim, por isso posso dizer que eu não demonstrei nenhum tipo de afeto especial pelo conto, principalmente por conta dos personagens típicos e estereotipados que a trama apresenta. Mesmo assim, se você gosta de clichês, é um conto que vale a pena.

Camila: Como dito anteriormente, a protagonista do conto remete à todas as características típicas de hoje em dia quando você pensa em uma garota: feminina, apaixonada por música pop, com uma quedinha pelo suposto garoto mais bonito da escola, com o sonho de ser uma estrela da música...Por mais que ela apresente tantas coisas comumente esperadas, acho que podemos considerar a personagem um exemplo, já que superou a morte dos pais achando um hobby com o qual ela se identificaria pelo resto de sua vida.

Pedro: Pedro foi o meu personagem favorito do conto. Engraçado, meio irônico, um pouco implicante...É aquele garoto perfeito para ser melhor amigo de alguém, já que demonstra completamente quem ele é de verdade, sem certas segundas intenções maliciosas de muitos garotos. 

Trecho Favorito:
"-Quando você for testar os seus poderes de parar carros em vias públicas, Clark Kent, me avise antes para que eu não tenha um colapso nervoso, viu?"


 

 

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P.S.: Talvez um psicólogo também não seja má ideia...